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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Sabedoria do bom velhinho



Um jovem do interior teve de abandonar a sua aldeia natal para estudar na cidade. No sentido de conhecer as pessoas e a mentalidade dos habitantes da sua nova comunidade, achou oportuno informar-se com um velhinho que se aquecia ao sol no banco da praça. O bom velhinho sorriu e, antes de responder, quis saber como eram os habitantes da sua aldeia. «São pessoas simples, alegres, maravilhosas, participativas; deixei lá muitas amizades», respondeu o estudante. Então o velhinho animou-o: «Meu jovem, aqui também encontrarás pessoas simples, alegres e participativas.»
O dia foi passando e um comerciante aproximou-se do velhinho e fez-lhe a mesma pergunta: «Como são os habitantes daqui?» O velhinho respondeu-lhe da mesma forma que tinha respondido ao jovem. E o comerciante desabafou: «As pessoas da minha aldeia não prestam; são mesquinhas, gananciosas, pouco participativas.» «Infelizmente», admitiu o velhinho, «aqui também encontrará pessoas assim: gananciosas, pouco participativas...»
Um terceiro viandante, que ouvira as duas respostas, aparentemente contraditórias, quis saber a razão daquilo. Cheio de sabedoria, o bom velhinho explicou: «Cada um traz dentro de si a bondade ou a maldade; o jovem, certamente, fará bons amigos aqui, mas o comerciante terá pela frente apenas concorrentes e invejosos.»

Para conhecer a realidade, muitos limitam-se a olhar pela janela; outros, mais inteligentes, olham-se ao espelho. O invejoso perceberá a inveja nos outros, a pessoa bondosa verá a bondade em cada um. O desconfiado lerá a desconfiança nos olhos dos outros. O homem mau verá maldade em toda a parte, o inocente sentirá a inocência nas pessoas e nas atitudes.

(in "Abrindo Caminhos" Paulinas 2009)

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Escolhas


«Não existe nada que sejamos obrigados a fazer.
Todas as nossas acções são, directa ou indirectamente,
aquelas que escolhemos e as nossas escolhas
não são definitivas, podem ser mudadas.
As escolhas que fazemos, a cada momento,
conduzem-nos sempre a algum lugar.
Com o poder de decidir a direcção que queremos seguir,
podemos escolher o nosso sonho na construção
da história da nossa vida.»

(Ralph Marston)

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Caminhar


Viver é caminhar
com a mochila às costas
a cada amanhecer,
seguindo os passos de Jesus.
Ao fazer ao outro o melhor,
sem por isso esperarmos recompensa,
com certeza receberemos dele
mais do que lhe damos.

«Deus não deu a ninguém todas as qualidades,
nem deixou ninguém sem nenhuma qualidade.
Desta forma, precisamos uns dos outros.»

Santa Catarina de Sena

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O Sabonete


Um rapazinho pobre, com uns doze anos, vestido e calçado de forma humilde, entra numa loja, escolhe um sabonete comum e pede ao proprietário que o embrulhe come presente.
«É para a minha mãe», disse, com orgulho.
O dono da loja ficou comovido diante da singeleza daquele presente. Olhou para o seu pequeno freguês e, sentindo uma grande compaixão, teve vontade de ajudá-lo. Pensou que poderia embrulhar, juntamente com o sabonete, algum artigo mais significativo. Entretanto, ficou indeciso: ora olhava para o rapaz, ora para os artigos que tinha na sua loja.
O rapazinho, notando a indecisão do homem, pensou que ele estivesse a duvidar da sua capacidade de pagar. Pôs a mão no bolso, retirou as moedinhas de que dispunha e colocou-as em cima do balcão. O dono da loja ficou ainda mais comovido quando viu as moedas, de valor tão insignificante. Continuava o seu conflito mental. Dentro de si, concluíra que, se o rapaz pudesse, compraria algo melhor para a mãe.
Do outro lado do balcão, o miúdo começou a ficar ansioso. Alguma coisa parecia estar errada. Por que razão não embrulhava ele o sabonete? Ele já escolhera, pedira para embrulhar e até tinha mostrado as moedas para o pagamento. Porquê a demora?
Impaciente, inquiriu: «Desculpe, falta alguma coisa?»
«Não», respondeu o proprietário da loja. «É que, de repente, lembrei-me da minha mãe. Ela morreu quando eu era ainda muito jovem. Sempre lhe quis dar um presente, mas, como não tinha dinheiro, nunca consegui comprar-lhe nada.»
Na espontaneidade dos seus doze anos, o rapazinho perguntou-lhe: «Nem um sabonete?» O homem ficou calado. Refletiu um pouco e desistiu da ideia de melhorar o presente. Embrulhou o presente com o melhor papel que tinha na loja, colocou-lhe uma fita e despediu-se do seu pequeno freguês, sem dizer mais nada.

(in "Histórias da vida" Paulinas 2010)

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Os vidros da janela


Um casal mudou-se para um bairro muito tranquilo. Na primeira manhã na nova casa, enquanto tomavam o pequeno-almoço, a mulherreparou, através da janela, numa vizinha que pendurava lençois no estendal, e comentou com o marido:
- Que lençois tão sujosque aquela está a pendurar!
O marido observou calado.
Alguns dias depois, de novo à hora do pequeno-almoço, a vizinha pendurava lençois e a mulher tornou a comentar com o marido:
- A nossa vizinha continua a pendurar os lençois sujos!
E assim, a cada dois ou três dias, a mulher repetia este discurso, enquanto a vizinha pendurava as suas roupas no estendal.
Passado um tempo, a mulher surpreendeu-se ao ver uns lençois muito brancos a serem estendidos, e, empolgada, foi dizer ao marido:
- Olha, ela aprendeu a lavar a roupa, os lençois estão muito brancos!
O marido, então, respondeu calmamente:
- Ontém levantei-me cedo e lavei os vidros da janela da nossa casa. Não eramos lençois da vizinha que estavam sujos, mas os nossos vidros.

Tudo depende da janela através da qual observamos os factos. Antes de criticar, olha para os teus próprios deitos e limitações. Olha, antes de tudo, para a tua própria casa, para dentro de ti mesmo. Só assim poderás ter a noção do real dos teus amigos; lavando a vidraçado teu coração.

(in "Abrindo caminhos" Paulinas 2009)