«É para a minha mãe», disse, com orgulho.
O dono da loja ficou comovido diante da singeleza daquele presente. Olhou para o seu pequeno freguês e, sentindo uma grande compaixão, teve vontade de ajudá-lo. Pensou que poderia embrulhar, juntamente com o sabonete, algum artigo mais significativo. Entretanto, ficou indeciso: ora olhava para o rapaz, ora para os artigos que tinha na sua loja.
O rapazinho, notando a indecisão do homem, pensou que ele estivesse a duvidar da sua capacidade de pagar. Pôs a mão no bolso, retirou as moedinhas de que dispunha e colocou-as em cima do balcão. O dono da loja ficou ainda mais comovido quando viu as moedas, de valor tão insignificante. Continuava o seu conflito mental. Dentro de si, concluíra que, se o rapaz pudesse, compraria algo melhor para a mãe.
Do outro lado do balcão, o miúdo começou a ficar ansioso. Alguma coisa parecia estar errada. Por que razão não embrulhava ele o sabonete? Ele já escolhera, pedira para embrulhar e até tinha mostrado as moedas para o pagamento. Porquê a demora?
Impaciente, inquiriu: «Desculpe, falta alguma coisa?»
«Não», respondeu o proprietário da loja. «É que, de repente, lembrei-me da minha mãe. Ela morreu quando eu era ainda muito jovem. Sempre lhe quis dar um presente, mas, como não tinha dinheiro, nunca consegui comprar-lhe nada.»
Na espontaneidade dos seus doze anos, o rapazinho perguntou-lhe: «Nem um sabonete?» O homem ficou calado. Refletiu um pouco e desistiu da ideia de melhorar o presente. Embrulhou o presente com o melhor papel que tinha na loja, colocou-lhe uma fita e despediu-se do seu pequeno freguês, sem dizer mais nada.
(in "Histórias da vida" Paulinas 2010)
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