Um jovem do interior teve de abandonar a sua aldeia natal para estudar na cidade. No sentido de conhecer as pessoas e a mentalidade dos habitantes da sua nova comunidade, achou oportuno informar-se com um velhinho que se aquecia ao sol no banco da praça. O bom velhinho sorriu e, antes de responder, quis saber como eram os habitantes da sua aldeia. «São pessoas simples, alegres, maravilhosas, participativas; deixei lá muitas amizades», respondeu o estudante. Então o velhinho animou-o: «Meu jovem, aqui também encontrarás pessoas simples, alegres e participativas.»
O dia foi passando e um comerciante aproximou-se do velhinho e fez-lhe a mesma pergunta: «Como são os habitantes daqui?» O velhinho respondeu-lhe da mesma forma que tinha respondido ao jovem. E o comerciante desabafou: «As pessoas da minha aldeia não prestam; são mesquinhas, gananciosas, pouco participativas.» «Infelizmente», admitiu o velhinho, «aqui também encontrará pessoas assim: gananciosas, pouco participativas...»
Um terceiro viandante, que ouvira as duas respostas, aparentemente contraditórias, quis saber a razão daquilo. Cheio de sabedoria, o bom velhinho explicou: «Cada um traz dentro de si a bondade ou a maldade; o jovem, certamente, fará bons amigos aqui, mas o comerciante terá pela frente apenas concorrentes e invejosos.»
Para conhecer a realidade, muitos limitam-se a olhar pela janela; outros, mais inteligentes, olham-se ao espelho. O invejoso perceberá a inveja nos outros, a pessoa bondosa verá a bondade em cada um. O desconfiado lerá a desconfiança nos olhos dos outros. O homem mau verá maldade em toda a parte, o inocente sentirá a inocência nas pessoas e nas atitudes.
(in "Abrindo Caminhos" Paulinas 2009)
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